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Texto ESCSito parte II

  • Foto do escritor: Inês
    Inês
  • 27 de out. de 2019
  • 4 min de leitura

Na quinta-feira, estava a chover. Deixei a gabardine vermelha em casa, cheia de boas memórias no bolso. Na quinta-feira, fui para a aula de elevador, à procura da sebenta de TC que deixou de ser minha. Na quinta-feira, eu já não era caloira. Todo este sentimentalismo para justificar as reclamações que se seguem. Não é que eu precise de pretexto, mas fica sempre bem, ao contrário do anúncio da Clio com que decidiram enfeitar a minha faculdade. Pessoalmente, optaria pela boa da luzinha de Natal, mas não julgo. Afinal, só estamos em outubro, pode ser que este ano a tendência seja pendurar faróis Renault em pinheiros. Porém, não obstante, só vim deixar um recadinho ao tempo: acalma lá os ponteiros, que não és nenhum relógio de Fórmula 1. Quer dizer, uma pessoa pisca os olhos e de repente já está no segundo ano do curso? É melhor ter cuidado, ou amanhã ainda acordo licenciada. Estava distraída e passou um ano, acontece aos melhores e a mim também. Posto isto, tenho atualizações ESCSitas a fazer, que da última vez que falamos sobre isto despedi-me a pedir currículos a trajados.


Acabei com o Adriano, não dava mais. Comunicávamos demasiado, até dizia que o problema era eu, mas neste caso eram mesmo as teorias dele. Era isso e a obsessão por astrologia, nunca fui uma pessoa de signos, muito menos de sinais. Espero que ele esteja bem, eu não era certamente o destinatário da vida dele, mas é como diz o ditado - para cada emissor há um recetor. Fora isso, estou atualmente em três núcleos, o que faz de mim uma escsiana de raça pura e do curso uma espécie de passatempo. A regra é clara, é obrigatório passar 12 horas na faculdade pelo menos uma vez por semana. E depois há o Mike, com quem ando a passar muito mais tempo, e que agora até tem Twitter e toma banho. Admito que sinto falta dos tempos em que ele era só um microfone humilde e encardido, mas temos de aceitar as mudanças daqueles de quem gostamos, e eu gosto muito da ESCS FM. Este ano o AVA até funciona 98,57% das vezes, o que é que uma rapariga pode pedir mais? Já que perguntam, gostava de pedir uma Nanda pelo Natal, tenho saudades da minha madrinha, mas prometo que nem chorei quando ela foi embora. Sou uma afilhada forte e independente, plenamente capaz de escrever fitas sem verter uma ou várias lágrimas. Aliás, seria incapaz de me sentar no colo dela em pleno Bairro Alto, isso nunca aconteceu, eventuais testemunhas serão imediatamente acusadas de alcoolismo descomedido, histerismo e insanidade provocada por uma qualquer cadeira do tronco comum.


Aproveito ainda para pôr em causa a eficiência dos elevadores da ESCS. É assim, uma pessoa paga propinas porque quer esperar uma quantidade absurda de tempo, falecer de tédio e eventualmente ir de escadas. Não estou a saber lidar com este universo paralelo em que clicamos no botão e as portas abrem em menos de 30 segundos, arrepia-me cada vez que acontece. Daqui a pouco, o multibanco começa a funcionar regularmente, ou pior, decidem alcatroar as escadas do inferno. Credo, imagine-se só. O meu psicológico está profundamente e permanentemente afetado, é melhor ir estudar Análise Económica para me acalmar.


Pelo menos, há coisas que nunca mudam. Continuo sem perceber bem o que é que o pessoal de RP faz, o -1 permanece o melhor sítio para “estudar” e a ESCS ainda é um barco, embora ande menos à deriva, que este ano o pessoal anda com uma obsessão não saudável por bússolas. Nunca é demasiado tarde para trazer de volta as boas práticas e costumes da Era dos Descobrimentos. Só que desta vez, ao invés do caminho marítimo para a Índia, procuramos o percurso mais seguro para evitar o recurso. Faz imenso sentido, pensem comigo: AE, LYDIA, Ricardo Reis, Fernando Pessoa, Mensagem, Descobrimentos. Já para não falar do Arraial, sabem o que é que uma ressaca faz? Atormenta, como o cabo das tormentas e as aulas que começam às 8h da manhã. Não é coincidência, meus amigos, não percebo como é que a ESCS Memes topou o esquema da máfia do Pancadas do Infinto, mas deixou passar isto.


Por último, queria só deixar aqui aquela que podia ter sido a descrição da típica foto da praxe que todo o Santo ESCSiano partilhou no Instagram. Sempre me disseram que o primeiro ano era o melhor, mas agora que passou, não sei se concordo. O Dark Side é definitivamente diferente, mas não quer dizer que seja pior. Gritar pela ESCS e pela segunda família que ela me deu nunca fez tanto sentido, porque agora há pessoas a precisar de ouvir. As mesmas pessoas que quero ver felizes e com um sorriso no rosto, cada vez maior a cada atividade. Não só porque fizeram isso por mim o ano passado, e não poderia estar mais agradecida, mas também por ser extraordinariamente gratificante. Vale tudo a pena, o cansaço é irrelevante quando comparado com a oportunidade de fazer alguém sentir-se em casa. Porque é mesmo isso que a ESCS acaba por se tornar, um abrigo, onde vivem pessoas bonitas e o telhado é feito maioritariamente de boas memórias.

 
 
 

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