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O patinho feio do lago dos cisnes

  • Foto do escritor: Inês
    Inês
  • 4 de dez. de 2018
  • 2 min de leitura

Venho por este meio denunciar um terrível flagelo que abala os nossos dias, o temível e totalmente reconhecido cientificamente,  síndrome dos dois pés esquerdos. Eu própria sofro deste mal e por isso estou solidária com a causa. Os bailarinos podem parar já de ler, cha-cha-chá para vocês e 1,2,3 daqui para fora. Quanto aos restantes, comuns mortais que não foram abençoados com a graça da Beyoncé e a coordenação do Michael Jackson, havemos de sobreviver, sambemos, nem que seja só na cara das inimigas. Admito que não vai ser fácil, ainda tenho pesadelos causados pelos anos de convivência com esta espécie talentosa e ritmada. A minha mãe fez ballet, a minha irmã já dançava nas ecografias e o meu pai não lhe apeteceu ficar quieto e lá foi aprender o tango, qual aspirante a hombre caliente. E eu, perdida e indefesa, sozinha a filmar espetáculos e coreografias, confusa desde o início, sempre com a certeza de que a protagonista do Dirty Dancing jamais seria eu e de que do High School Musical só ficariam as canções. E agora as coisas estão ainda mais complicadas, o funk chegou para criar dilemas, levando-me a concluir que a verdadeira mafiosa é a Anitta e eu não tô bem, mesmo nada bem. Uma pessoa até quer estar sossegada, mas com músicas destas torna-se difícil, parece que se entranham no corpo, roubando-nos a paz e depois a dignidade. Eu era tão feliz a "dançar" no meu quarto, porque é que de repente se tornou boa ideia mexer a rabiola em público? Por mim proibíamos o twerk e  voltávamo-nos para a dança da chuva ou para o Panda e os Caricas, isso sim merece a nossa atenção. Parem lá com os lifts que eu nem distingo bem a esquerda da direita, tanto na dança como na vida em geral, o meu instrutor de condução que o diga. Entretanto é melhor não sair de casa, pode ser contagioso, temo pela minha saúde, este ano até desfilei no Carnaval, imaginem só. Ainda consegui escapar ao secundário sem ter de passar pelo tormento dos finalistas, vulgarmente conhecido por valsa, se for para imitar tradições americanas, prefiro ser o peru do Thanksgiving do que a rainha do baile. A única vez que dancei a valsa, foi esta semana numa cozinha e espero sinceramente que a insistência do par tenha sido devidamente compensada com pisadas. Enfim, se isto continuar assim ainda vou ter de ir para o Zumba, ou pior voltar para o ballet. Corram, ainda há esperança para vocês, e nem pensem em jogar Just Dance. Em último caso, se o pessoal do Bolshoi começar o apocalipse dos tutus, podemos sempre criar um género novo, a descoordenação contemporânea,


Descompassadamente ,

O patinho feio do lago dos cisnes, a tentar a evitar entorces.

 
 
 

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