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Medalha de ouro em boladas

  • Foto do escritor: Inês
    Inês
  • 30 de ago. de 2018
  • 2 min de leitura

Se me perguntarem se sou atlética o mais provável é que me comece a rir na vossa cara, não é por mal, passo a explicar a ironia. Nunca fui um sucesso nas aulas de educação física, aliás, arrisco-me a dizer que a única modalidade para a qual tenho talento, é a arte subtilmente dolorosa de levar boladas. Sempre é melhor do que nada, e apesar de não ter a popularidade do futebol ou elegância da natação, é preciso ter habilidade e estratégia, que as bolas não nos acertam por acaso, há que estar no sítio errado à hora certa. Ao longo dos anos conquistei a minha reputação, e é com orgulho e saudade que recordo os tempos em que tive negativa a educação física e o meu professor, queridíssimo por sinal, me usava como exemplo para aquilo que os meus colegas não deviam fazer. Segundo ele, eu era da escola da zarolha e da academia da marreca, instituições bastante notórias e prestigiadas, como é do conhecimento do leitor. Enfim, desporto não é propriamente o meu nome do meio, tanto que houve uma altura em que o meu pai me chamava comi dormis, alcunha carinhosa num latim duvidoso, mas que não deixa de ser adequada. E isto é tudo muito bonito, mas o que é facto é que meti na cabeça que quero ser nadadora salvadora, talvez por teimosia, talvez por ambição. E se há coisa em que sou melhor do que a falhar serviços de voleibol, é a cumprir objetivos aparentemente impossíveis. Eu sei que não tenho o universo a meu favor, mas acho que ia ficar bem num fato de banho laranja, além disso sou aquário e segundo os meus pais antes de saber andar já nadava. No entanto, é importante salientar que odeio Baywatch, não tenho nada contra a Pamela, mas o filme só me dá vontade de me afogar, por muito irónico que seja. Tudo isto para dizer que devemos seguir os nossos sonhos, mesmo que eles sejam correr na praia em slow-motion, apesar de eu pessoalmente achar isso um bocadinho estúpido. O que importa é não desistir, enquanto não soubermos nadar usamos braçadeiras, e depois disso logo se vê, no meu caso, pode ser que a coisa corra bem, já que as únicas bolas envolvidas no processo serão, eventualmente, as de Berlim.

 
 
 

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