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Ideias Vadias Contra-Ataca: O Regresso

  • Foto do escritor: Inês
    Inês
  • 27 de mai. de 2022
  • 4 min de leitura

Então não é que passaram quase dois anos e meio desde a última vez que falámos? Distraí-me com as horas, peço imensa desculpa. Sabem como é, o despertador não toca, depois não podem sair de casa sem tomar banho, ainda têm que apanhar a roupa e quando dão por vocês estão presos no trânsito e no meio de uma pandemia. Nunca vos aconteceu? Se calhar é o meu GPS que é meio marado e me mandou pela nacional, que é onde se apanha mais pandemias. Se soubesse tinha pago portagem. Mas passemos à frente deste erro de cálculo, até porque todos concordamos que o último parágrafo não fez sentido absolutamente nenhum. Eu nem sequer conduzo.


A verdade é que estive muitíssimo ocupada com a minha vida social inexistente. Além disso, criei uma família de SIMS em Março de 2020 e desde então sinto que todas as minhas criações são supérfluas e vazias. Vale mesmo a pena continuar depois de se ter atingido o auge? Pessoalmente, acho que não. Mas a minha mãe já esteve mais longe de começar uma petição popular para eu voltar a escrever e como o mundo não precisa de mais petições populares descabidas, achei que devia fazer a minha parte.

Posto isto, trago-vos uma citação de uma das figuras mais relevantes dos nossos dias, uma voz incontornável, cujos ensinamentos inspiram milhares um pouco por todo o planeta: a Nanny Mcphey.

“Quando precisarem de mim, mas não me quiserem, eu devo ficar. Quando me quiserem, mas já não precisarem de mim, terei que ir”

Acontece que eu e o projeto Ideias Vadias temos mais ou menos a mesma dinâmica. No fundo, este blog é a minha ama mágica que vai ficando mais bonita à medida que eu aprendo lições de vida. E porque é que preciso da minha Emma Thompson verruguenta agora, perguntam vocês? Que questão tão pertinente, caros leitores. Acontece que ultimamente ando a experimentar ser adulta e não recomendo nada. É caótico, dá imenso trabalho e daqui a menos tempo do que gostaria vou deixar de ter desconto jovem nos museus. Acho tóxico e desnecessário. Já para não falar que me sinto completamente atraiçoada por ninguém me ter avisado. Ou seja, tenho várias situações a reportar e como a vida não tem livro de reclamações vou ter que me contentar com a internet.

Mas não se preocupem, venho mais humilde, consciente de que as verdades absolutas de hoje estão a um dia complicado de se tornarem as crises existenciais de amanhã. Mudar de ideias é um dos requisitos para a vaga de “pessoazinha a tentar lidar com a sua existência” a que todos nos candidatámos quando nascemos. E não sei quanto a vocês, mas eu ainda estou muito longe de ser eleita funcionária do ano.

Por exemplo, há uns meses estava tão perdida na vida que tive um badagaio qualquer numa ida às compras. Fui ao mesmo supermercado de sempre, com a lista do costume e ainda assim senti-me desorientada no meio dos lacticínios e dos frescos. Falhou-me a memória do que era preciso comprar e a noção de como se existe no meio do caos rotineiro que se esconde por entre as prateleiras. A serenidade, infelizmente, ainda não se vende enlatada.

E esses dias, essas semanas de nevoeiro em que o meu corpo não estava a colaborar a 100% comigo, ajudaram-me a formular o meu novo mantra: as filosofias da Marie Kondo nem sempre são aplicáveis. Permitam-me explicar, se há uns tempos achava que valia a pena tentar pôr a vida em gavetas, ultimamente tenho percebido que viver é muito mais como aquela cadeira com uma pilha de roupa que os adolescentes têm no quarto. As minhas facetas perfecionista e controladora não estão nada satisfeitas, mas é lidar e deixar fluir, como diz umas das tatuagens pirosas da minha mãe.

Os nossos esforços de organização são inúteis contra o departamento de obstáculos, caos e anti-concórdia que regula toda a matéria do universo. Mais vale aceitar, que de uma maneira ou de outra, os maganos vão arranjar forma de nos puxar o tapete. E ainda bem, porque senão seria uma grandíssima maçada e já não podíamos usar chavões iluminados como “se a vida te der limões, faz limonada”.

Eventualmente acaba por ficar tudo bem, mesmo quando a última coisa que nos apetece fazer é colar um pequeno arco-íris cheio de luz e esperança numa janela, ou testa, qualquer. Acreditem em mim, sou especialista em saúde mental, na ótica do utilizador.

Por isso olhem, é aproveitar ao máximo e segundo a premissa de que um dia vamos todos morrer. Ou seja, em princípio ninguém se vai lembrar do número de vezes que fizemos figura de idiotas. A não ser que decidam expor os vossos momentos menos iluminados na internet, mas não vejo porque é que alguém haveria de fazer isso voluntariamente. Parece-me desastroso e altamente desaconselhável. Não experimentem em casa.

De resto, é dizer que sim o maior número de vezes possível. No meu caso é para fins profissionais, que este blog não se escreve sozinho, mas recomendo a todas as pessoas. Hoje o meu maior ato de rebeldia foi ter comido natas apesar de ser intolerante à lactose. Amanhã, quem sabe? Estou aberta a sugestões.


 
 
 

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